Tratamento da Osteoporose
em idosos
Falhas no tratamento
da Osteoporose e idosos correm riscos
Love your bones (Amai os vossos
ossos) é o tema do Dia Mundial de
Combate à Osteoporose: 20 de outubro;
mas os desafios continuam.
Um relatório europeu revela que quando
o assunto é osteoporose os desafios são
muitos e relevantes, tais como
assistência ineficiente a idosos com
riscos de fraturas, aplicação inadequada
de diretrizes médicas sobre a doença e
baixa adesão à terapia por parte dos
pacientes. Essas lacunas no manejo da
doença, defendem os pesquisadores, estão
deixando milhões de pessoas com alto
risco de fraturas em estado de
fragilidade.
As descobertas foram reveladas pelo
estudo "Osteoporosis: burden, health
care provision and opportunities in the
EU”, conduzido pela Fundação
Internacional de Osteoporose (IOF) em
parceria com a Federação Européia das
Associações da Indústria Farmacêutica (EFPIA).
Ainda segundo o estudo europeu, apenas
uma minoria dos pacientes com alto risco
para sofrer fraturas está recebendo
tratamento preventivo, ao contrário das
recomendações médicas européias sobre
osteoporose.
Mulheres são as maiores vítimas
Aproximadamente 6% de todos os homens e
21% de todas as mulheres com idade entre
50 e 84 anos, nos cinco maiores países
da Europa – França, Alemanha, Itália,
Espanha e Reino Unido, além da Suécia –
têm osteoporose.
“A osteoporose é uma doença crônica,
mais comum em idosos, que coloca as
pessoas em maior risco de sofrer fratura
óssea. Mais preocupantes são as fraturas
da coluna vertebral e do quadril, que
podem resultar em incapacidade a longo
prazo, perda de independência e até
morte precoce”, observa o reumatologista
Sérgio Bontempi Lanzotti, especialista
em densitometria óssea e diretor do
Instituto de Reumatologia e Doenças
Osteoarticulares (Iredo).
Nos países mencionados no relatório,
cerca de 34 mil mortes por ano são
causadas por fraturas, o equivalente a
80 por dia. O custo com cuidados de
saúde, incluindo a prevenção
farmacológica, foi estimado em 30,7
bilhões de euros apenas para os seis
países, o correspondente a 3,5% da
despesa total em cuidados de saúde
dessas nações.
Falhas no tratamento
O relatório apontou lacunas muito graves
no tratamento da osteoporose na Europa,
incluindo:
A não observância e não aplicação de
diretrizes médicas nacionais sobre a
doença;
A insuficiente detecção de casos graves.
O que significa dizer que pessoas com
risco de fratura (incluindo fratura
secundária) não estão sendo
identificadas e encaminhadas para
tratamento;
Falta de recursos para medir a densidade
mineral óssea. Ou seja, para realizar a
densitometria óssea, em 40% dos países
europeus;
Os avanços feitos no campo do cálculo do
risco absoluto de fratura, como o WHO
Fracture Risk Assessment Tool, não estão
sendo amplamente implantados;
Em alguns dos países pesquisados há
critérios rigorosos para o reembolso dos
testes de diagnóstico ou tratamento da
doença;
A adesão ao tratamento da osteoporose
ainda é baixa. Cerca de 50% dos
pacientes não seguem o tratamento
prescrito e/ou o interrompem dentro de
um ano.
"Diante de uma condição crônica, como a
osteoporose, dar continuidade ao
tratamento pode se tornar um desafio. É
fácil interromper o tratamento no meio
do caminho, vejo isto todos os dias. Por
não poderem sentir imediatamente ou ‘ver
os seus ossos ficando mais fortes’,
muitos abandonam a terapêutica. No
entanto, sem medicação regular há um
risco aumentado de sofrer fraturas
debilitantes. A partir de uma
perspectiva socioeconômica, uma maior
adesão ao tratamento pode levar à
prevenção de milhares de fraturas",
destaca Sérgio Bontempi Lanzotti.
O quadro no Brasil
No nosso país, os problemas para
enfrentar a doença também se multiplicam
em várias esferas. De acordo com
auditoria realizada pelo Tribunal de
Contas do Município de São Paulo (TCM),
exames de ultrassonografia e de
densitometria óssea têm fila de espera
de três meses, em média.
O mais grave, ainda de acordo com a
auditoria, é que os aparelhos de
ultrassonografia, de ressonância
magnética, de tomografia, de mamografia
e de densitometria óssea ficam 40% do
tempo ociosos. “O exame padrão para o
diagnóstico da osteoporose não é
realizado num prazo de tempo adequado. E
o mais impressionante é saber que não
faltam equipamentos. Pelo contrário,
ficam ociosos por muito tempo”, finaliza
Lanzotti.
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